sexta-feira, 24 de julho de 2009

Saiu sem rumo pela noite.Queria entender-se, saber mais sobre a pessoa que morava com ele.Foi, mais uma vez, achando que podia encontrar alguém,não alguém necessariamente conhecido,porém alguém.Não achou.
Dirigiu como quem dorme no volante, sem saber para onde ir.Precisava enfrentar seu medo, e como era difícil.Ajuda era proibida, afinal se fosse ajudado não estaria mais sozinho.Caiam-lhe lágrimas sem saber muito bem porque.O importante seria dar um passo a cada dia para no fim ter superado seu único verdadeiro desafio visto até hoje.Queria gritar, ter como entrar em contato com alguém.A hora realmente havia chegado, estava encurralado...Sozinho.
Parou num lugar que achava bonito, tinha algumas lembranças, embora não conseguisse mais lembrar com detalhes, ou não tivesse se esforçando para tal.Rapidamente encontrara-se entediado.Queria o veneno antimonotonia.Partiu mais uma vez,para o outro lado do lago.Andou, olhou, observou, achou um lugar tranquilo para não fazer nada.O tempo passava e só conseguia olhar a água que com o brilho das luzes em volta parecia feliz, dançante, parecia conseguir olhar para as mais escondidas estrelas.Chegou o barulho acompanhado de pessoas.Incomodou-se...Ninguém interessante.
Fugiu!Lembrou-se de quando fugia de bicicleta e de como sentia-se livre e feliz ao fazer aquilo.Era como se tivesse se sacrificando por um bem maior, era como se pudesse ir aonde quisesse.Ainda realizaria seu sonho de tentar chegar ao México de bicicleta.
Foi até onde não devia.Até onde seu coração o mandou.Era familiar e estranho todo aquele lugar, familiar pois era bem por ali que tinha passado por muita coisa, podia ainda sentir se respirasse fundo, estranho pois era tudo diferente agora, suas memórias eram como as da infância.Não encontrou nada lá.Estava tudo apagado, deviam estar todos dormindo.
Voltou para casa vagarosamente.Um desejo de morte lhe passava em mente.Por que deixar para depois?A vida era tão curta,tudo podia mudar em questão de segundos e acabar para sempre.Isso sim é para sempre: a morte.Promessa certa!
Sentia que nada mais era para sempre, enganara-se, iludiu-se.Ele, no fundo, sabia que podia acontecer isso.Porém sua fé nessa força maior, nessa coisa que explicava tudo, que dava uma razão, sua fé no amor o tomou.Queria ser um herói, alguém que nunca desistisse dos sonhos, do que deseja.Mas não podia...Não agora...Sentia-se impotente...Onde estava o pressentimento de que algo bom lhe aconteceria?...
Sempre buscava a dignidade e um jeito certo de resolver as coisas.Já estava resolvido.Não era mais ela.Era ele mesmo que atrapalhava-se.Queria ser independente de seus sentimentos.Eles o tornavam um tolo, alguém fraco e sem vergonha, que só queria ser feliz.Botaria seu plano em ação.
Uma das soluções malucas que sempre inventava para algum conhecido que precisasse de um conselho, uma força.Isolaria-se do mundo, de todos, poria a si mesmo em uma prova que podia acabar deixando-lhe pior, ou curado de vez.Tinha que arriscar.Nada de telefones, nada de internet, talvez atendesse a sua mãe e seu pai, talvez...Não sairia de casa, apenas para comprar comida.Apenas meditar, pensar, ler, exercitar-se um pouco eram válidos.
Sumiria...Ainda buscarei notícias para lhes matar a curiosidade...Tentarei achá-lo.

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