quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O amor é como uma divindade do mal que jamais deve ser nomeada.Um sentimento que na verdade nunca existiu, que serve apenas como uma chave para um drama que gostamos de representar.Uma atuação que aprendemos desde pequenos, condicionados por métodos pavlóvicos e treinados pelas mídias.As pessoas que realmente importam não saem recebendo o trágico cumprimento "eu te amo" a toda hora.É constrangedor e difícil dizer tais palavras para as pessoas que estão de fato em algum lugar de importância para nós.E ninguém cobra, e ninguém deve, e ninguém se importa com tais formalidades.
Esse tal amor devia ser banido.A busca e necessidade da representação é o que estraga, destroi as relações que supostamente, e apenas por uma mera impressão, parecem indestrutíveis.Durante nossas vidas temos algumas encenações e ensaios, talvez para sempre, ou até acharmos alguém que também tenha a peça totalmente decorada em que ninguém precise declarar tudo de forma exagerada como no teatro clássico.
O amor exala seu cheiro fétido e contamina a todos, com o intuito de carregar a maior quantidade de almas para seus rituais.Deixo de ser um fiel dessa religião sem perdão e sem lógica.Não há vencedores, todos saem feridos.
Não amamos ninguém do modo como ensinam, amamos apenas a sensação de termos representado bem, e de termos uma historinha cheia de corações e coisas que enjoam.
O amor é implícito, sem forma, sem nada que possa definí-lo.O amor é invisível.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Não sei mais o que é sonho ou realidade, nem quando durmo ou acordo.Um dia desses vi uma gartoa que me chamou muito a atenção.Era uma daquelas pessoas que só de olhar você vê felicidade,e tinha uma ar de quem não precisa de mais nada, de alguém completo.Dançava como para nos fazer perder o pensamento, e só querer imaginar dançar com a própria.Tinha um sorisso doce e selvagem, com lábios saborosos, uma pele bronzeada e molejo de uma latina.
Disputava com uma amiga, ou irmã, para ver quem dançava mais rápido ou com mais vontade.Ela ganhou.As pessoas gritavam, uivavam, e riam muito com o espetáculo.Atrevido que sou a chamei para dançar uma outra música, na esperança de poder conversar e descobrir mais sobre aquela atração que sentia.Sua voz era doce e inocente, ria expontâneamente, sem se preocupar em agradar.Sorte minha ter a feito rir, não era um dos meus dias mais engraçados.
Expliquei-a sobre o Céu e a Terra, tracei constelações que ninguém nunca viu e afoguei-me em seus olhos.Profundos e de ressaca.Chamavam-me obliquamente, decididos e com uma ponta de surpresa.Acho que também me desejava.
Um samba me mostrou tudo que eu queria, sem pestanejar e me fez alegrar uma bela donzela.
Um pensamento, um desejo
só penso naquele nosso beijo
que um anjo meio torto me disse
ser a mais bela coisa que existe

Uma conquista, uma derrota
venho novamente bater em suas porta
Sem vergonha ou medo de ser feliz
não lamento pelo que fiz.

Estava tudo escrito numa linha torta
onde deixei-a aguardando uma resposta
bem me quer, mal me quer
mil vezes me pergunto
porque será que não escuto?

Não é um conserto o que busco
ou um jeito de livrar-me de meus sustos
vejo em você a alegria
que pode existir na vida

Outra vez a tive, e quis ter
já nem sei porque não consegui
se é só você que me deixa assim
meio sem ar, sem pulmão
e deixa meus olhos com tentação
de nunca mais pararem de te olhar
e mais uma vez me apaixonar

Sem dor e rancor
buscando um motivo
sem necessário ser
para lhe mostrar o amor

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Carta para você.

Apesar de ser de certa forma conhecida essa sensação, ainda há algo de diferente.Como tinha de ser.Afinal existe uma outra química, diversos compostos que ao se encontrarem colidem-se de forma intensa, inconsequentemente pensando no que virá e já com menos medo, ou medo nenhum, como nas primeiras colisões.É mais que forte, é como se algo puxasse sempre pro mesmo canto.Como se desde muito pequenos, em aniversários de amigos em comum, tivessem se encontrado e nem se preocupado em trocar alguma ideia, já sabendo que mais tarde ainda falariam sobre aquilo.Mas as linhas nem sempre são tão retas e fáceis de seguir.
Um arrependimento de ter assassinado a mais bela das donzelas dos contos de fadas, de ter derramado a última gota de esperança daquilo que chamam de amor, de ter dito não quando queria dizer sim, e ter deixado dizerem não e aceitado, resignado.Minha Lisbela, minha bandeira brasileira, minha doce chuva de caju no calor mais doido de novembro, do sertão mais brabo do nordeste, talvez nunca tenha tido coragem de dizer-lhe como teu olhar me penetra e me faz sentir um ser que ainda acredita.Acredita na vida após a sorumbática morte de tudo que se acreditava.Após ser traumaticamente neutralizado e entorpecido pelo destino que lhe sorria sem dizer o porquê."Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."(Caio F. Abreu)
Já sei porque o destino me sorria.Não sinto mais como se o amanhã não existisse.Como um Biotônico Fontoura, você me deu fome e força, para lutar e vencer, sem jamais esquecer desse exato momento.Um momento em que me acho, que me sinto tão eu e tão bem.Equilibrado pela vontade da felicidade e da amizade.Pela busca daquilo que me faz ser eu mesmo, acabei te reencontrando e notando que nada foi em vão.Só agora que estamos mais que felizes, poderemos ser felizes juntos.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Desde quando este sentimento me aterroriza?Achei que seria sempre tão fácil lidar com ele, quanto ter que me olhar ao espelho e ver que tenho dois olhos e o restante todo.Algo mais profundo do que o oceano Atlântico me tirou de rota e me fez pousar numa ilha tipo Lost.Só o que me resta agora são flashes na memória de algo memorável.Sei que foi importante, e também sei que não vou querer mais.Não sirvo mais para aquilo, seja lá o que aquilo for.Serve-me para ter alguma inspiração que me falta, em um dia fatídico e sem grandes surpresas.
Refiz-me, refaço-me, retraio-me e atiro-me para qualquer lado.Só o que quero é um abraço e quem sabe, não agora, voltar a sentir.Como nunca senti antes, como se nunca antes tivesse visto o céu.
Vejo oportunidades e esperanças em alguns cantos de minha sala grande, aconchegante e agoniante em minhas horas de solidão.São as piores horas.Acabo sempre subindo pelas paredes e arranhando o lustre.Não suporto-me, toda essa inutilidade e falta de ser alguém me levam para um caminho sem volta.Lembro-me de melhores épocas em que fui engajado politicamente, de ser um estupendo criador de arte literária, de ler filosofia e falar sobre qualquer assunto que esteja à mesa.Vejo-me agora como um quase fracasso...
Às vezes ainda sinto aquele cara aqui dentro, mas ainda está fraco e tolo.Tento alimentá-lo e após uns dias ele se nega a querer vida.Até fisicamente já fui melhor...
O bom é que sei que posso ser melhor e sei que estou sendo quando o faço.Sei qual o caminho, só me falta paciência para segui-lo.