sexta-feira, 31 de julho de 2009

Poeta por inteiro

Ficou se perguntando como pôde durante tanto tempo fugir das pessoas, ser alguém sozinho?Quando menor, nunca saia com os amigos nas férias, nunca voltava na velha escola, não queria manter os laços que um dia teve.Era como um profissional, sabia que era só por ali e pronto, acabou.Tudo havia mudado.Descobrira o tesouro que havia dentro de cada um, e queria espalhar-se para no fim de sua vida poderem juntar-lhe novamente.
Talvez estivesse indo pelo lado errado.Talvez tirar o máximo de alguém não fosse a maneira certa de fazer.Agora, queria viver como um poeta moderno, ter mil amores, quem sabe um para cada estação.Havia muito para dar e receber, e não achava ninguém que quisesse.Então quando a primeira oportunidade aparecesse, será que conseguiria?Não queria mais ser certo, queria ser torto, gauche.Não mais pensar no que não gostaria que fizessem com ele, mesmo assim o fariam.Então que fosse indo, saindo pela diagonal, com um sorriso safado, e umas palavras prontas para usar.Viveria o mesmo amor mil vezes, até achar um que fosse por inteiro.Se achava e se perdia, a cada dia se enchia de esperança.Não sobrou mais nada...Apenas esperava por uma resposta prometida da qual já sabia que não ia gostar muito.Já sabia o que fazer, e sendo assim já o fazia.
E que seja eterno enquanto dure.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Entregar-se

Teve uma esperança ainda.Sabia de uma desculpa para se encontrarem, não que precisasse de desculpa, mas assim seria melhor, não torceria tanto o braço.Ela não viu problema, topou o encontro.O telefone o deixou quase gago, tirou sua respiração, mas não queria esperar nada.
Desde muito tempo não se sentia nervoso com algo do tipo.Foi logo correndo para dormir e descansar um pouco, mas não conseguia.Passou a noite toda com o coração desparado, imaginando o que falar, o que fazer.Queria que saísse tudo perfeito, poderia ser uma chance, quem sabe.Sentiu-se vivo de novo.Alguém que tem com o que se preocupar, pensar.
A hora chegou e nele estava o medo.Um pulso de coragem e familiaridade, ele ainda a conhecia?
Tomaram o café da manhã juntos, embora tenha sido muito agradável, ele não soube muito ser ele mesmo, falar e falar, e rir, e sorrir.Estava impedido de demonstrar parte de seu amor e carinho, ainda sim demonstrando-o.Tentou ser mais racional, não queria iludir-se.O que se passava na cabeça de sua passarinha?
Enfim sós.Desesperadamente ofereceu água, subitamente correu para mostrar o que tinha aprendido, sofridamente tentou mostrar ser interessante.Foi um momento tenro, riam timidamente e só pensando no que aconteceria depois.Não queria pressa.Até que não havia mais nada a se fazer.Inspirou coragem e aquele perfume, queria senti-la, não sabia como.Aproximou-se meio sem jeito, ela não dava muitos sinais.Beijou-a.Esperou...Os olhares se cruzaram.Ela parecia achar estranho.Como que implorando beijou-a novamente,e agora os lábios da pequena se esticaram.E de novo, e mais uma vez.De ponta a cabeça se beijaram, e arrumaram-se.Ele queria muito mais que sexo,mas não queria jogar todo seu amor e saudade de uma vez em sua parceira.Foi como que aprendendo, sentindo os desejos dela, buscando o mar que havia em seus olhos, o amor que estava escondido, a chama que estava apagada.
Sofreu tanto todo esse tempo.Sofreu consigo mesmo, sofreu de saudade, sofreu com a solidão, sofreu, sim, no começo de dependência, sofreu depois por ver que já não dependiam, sofreu de ciúmes, sofreu como quem perde a inocência, sofreu de ilusão, por achar que todos esses meses tinha aprendido alguma coisa.
Aprendeu, de fato, sabia virar-se sozinho.Mas ainda amava aquela doce criatura, que agora estava quase selvagem.Não queria acreditar que havia sido apenas um sonho.
Seus corpos entrelaçaram-se como sempre tinham feito.O encaixe tinha se recomposto.O calor que sentia quase o forçava a implorar por mais daquele beijo, passou anos no deserto e achara água.Encarnou um papel de um homem menos emocional.Estava feliz.Faltou dizer que amava, dizer como havia esperado por um momento como aquele, como queria cheirar e beijar todo o seu corpo.Ao invéz de falar, só pensou e agiu.Tentava telepaticamente dizer para ela tudo aquilo, e o fazia.Beijou-a diversas vezes em seu ventre, onde queria esconder-se,beijou seus seios, queria tirar toda sua força dali, beijou seu sexo, que representava para ele naquele momento o cúme do amor,e segurou, e acariciou, alisava seu corpo, querendo nunca mais soltá-lo, mexia em seu cabelo, para lembrar-se de alguma forma inocente de amor, e como era bom,meu Deus,como era bom, segurar aquela mão, sentia encaixar e queria que seus dedos grudassem ali.
Quando ela o beijava, derretia uma parte da geleira que havia se formado em seu peito,quando via que ela o desejava, sua alma sorria e ria alto.Era um sentimento tão grande, não podia ser nunca mais achado.
Ela talvez não tivesse entendido o porquê de tudo aquilo, ele teria que explicar, se não, não sentiria que teria feito a sua parte.

sábado, 25 de julho de 2009

Velhos amigos pra quê te quero?

Tudo fora por água abaixo, sim, seu plano maluco de isolamento era um fracasso.Percebera a tempo.Passara o dia todo com velhos amigos.Amizades simples, bobas,cheias de histórias para contar.Passaram o dia relembrando coisa incríveis e conhecendo amigos dos amigos, e descobrindo que aquela conversa lhe causava a grandeza.
Como ousara se afastar deles uma vez por tanto tempo?Que desperdício...Eles faziam a vida valer a pena, ter algum sentido, lhe tiravam a solidão.Podiam ter o silêncio e não se incomodar, podiam falar por horas e horas, sem cansar e sem nenhum dos 4 irritar-se com alguém.
Não precisava de mais solidão.Não estava mais só.Soube que seu medo era por se sentir inseguro, por ter alguém que lhe conhecia e conhecer alguém de verdade.É fácil conversar com uma nova pessoa, nunca conversaram sobre nada, há muito o que conversar.O gostoso é conversar e crescer junto, e ensinar, e aprender, e se divertir com algum amigo de mais de 5 anos.Ainda acho que somente depois de 5 anos realmente se conhece alguém de verdade.
Eles estariam sempre ali, para ele, eram da família, e ele era da família.Conversavam sobre tudo, faziam os melhores programas por mais que não fossem muito atrativos à outros olhos.Eram completos.Sentia-se completo de novo.Toda sua complexidade era desejar o simples.Amigos para sempre...e se isso não fosse para sempre, aí sim estaria bem surpreso.Mulheres vão e voltam com o vento, num avião para o outro lado do mundo.Eles o levariam junto e quando voltassem nada estaria diferente.
Como o mundo era pequeno...Ele os carregaria para a grandeza, eles o achavam engraçado, seu modo de tentar mudar alguma coisa no mundo, e apoiavam e iriam atrás.Estava livre por enquanto de seu plano-castigo.Vejamos por quanto tempo se manteria estável.Suas fraquezas pareciam só fraquezas agora...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Saiu sem rumo pela noite.Queria entender-se, saber mais sobre a pessoa que morava com ele.Foi, mais uma vez, achando que podia encontrar alguém,não alguém necessariamente conhecido,porém alguém.Não achou.
Dirigiu como quem dorme no volante, sem saber para onde ir.Precisava enfrentar seu medo, e como era difícil.Ajuda era proibida, afinal se fosse ajudado não estaria mais sozinho.Caiam-lhe lágrimas sem saber muito bem porque.O importante seria dar um passo a cada dia para no fim ter superado seu único verdadeiro desafio visto até hoje.Queria gritar, ter como entrar em contato com alguém.A hora realmente havia chegado, estava encurralado...Sozinho.
Parou num lugar que achava bonito, tinha algumas lembranças, embora não conseguisse mais lembrar com detalhes, ou não tivesse se esforçando para tal.Rapidamente encontrara-se entediado.Queria o veneno antimonotonia.Partiu mais uma vez,para o outro lado do lago.Andou, olhou, observou, achou um lugar tranquilo para não fazer nada.O tempo passava e só conseguia olhar a água que com o brilho das luzes em volta parecia feliz, dançante, parecia conseguir olhar para as mais escondidas estrelas.Chegou o barulho acompanhado de pessoas.Incomodou-se...Ninguém interessante.
Fugiu!Lembrou-se de quando fugia de bicicleta e de como sentia-se livre e feliz ao fazer aquilo.Era como se tivesse se sacrificando por um bem maior, era como se pudesse ir aonde quisesse.Ainda realizaria seu sonho de tentar chegar ao México de bicicleta.
Foi até onde não devia.Até onde seu coração o mandou.Era familiar e estranho todo aquele lugar, familiar pois era bem por ali que tinha passado por muita coisa, podia ainda sentir se respirasse fundo, estranho pois era tudo diferente agora, suas memórias eram como as da infância.Não encontrou nada lá.Estava tudo apagado, deviam estar todos dormindo.
Voltou para casa vagarosamente.Um desejo de morte lhe passava em mente.Por que deixar para depois?A vida era tão curta,tudo podia mudar em questão de segundos e acabar para sempre.Isso sim é para sempre: a morte.Promessa certa!
Sentia que nada mais era para sempre, enganara-se, iludiu-se.Ele, no fundo, sabia que podia acontecer isso.Porém sua fé nessa força maior, nessa coisa que explicava tudo, que dava uma razão, sua fé no amor o tomou.Queria ser um herói, alguém que nunca desistisse dos sonhos, do que deseja.Mas não podia...Não agora...Sentia-se impotente...Onde estava o pressentimento de que algo bom lhe aconteceria?...
Sempre buscava a dignidade e um jeito certo de resolver as coisas.Já estava resolvido.Não era mais ela.Era ele mesmo que atrapalhava-se.Queria ser independente de seus sentimentos.Eles o tornavam um tolo, alguém fraco e sem vergonha, que só queria ser feliz.Botaria seu plano em ação.
Uma das soluções malucas que sempre inventava para algum conhecido que precisasse de um conselho, uma força.Isolaria-se do mundo, de todos, poria a si mesmo em uma prova que podia acabar deixando-lhe pior, ou curado de vez.Tinha que arriscar.Nada de telefones, nada de internet, talvez atendesse a sua mãe e seu pai, talvez...Não sairia de casa, apenas para comprar comida.Apenas meditar, pensar, ler, exercitar-se um pouco eram válidos.
Sumiria...Ainda buscarei notícias para lhes matar a curiosidade...Tentarei achá-lo.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Liberdade

Não se sente muito livre, pelo menos não o tanto quanto deveria se sentir.Sente-se melhor quando não está preso em seus pensamentos.Quando está em paz com seus sentimentos, quando acha que entende alguma coisa de seu mundo.Sente-se livre quando tem alguém para ajudar-lhe a carregar esse peso que sente.Sozinho parece estar perdendo alguma coisa, parece que sua diversão é passageira, tudo é passageiro, nunca gostou muito disso.
A maneira como o céu lhe parecia mais azul devia ter um porquê.Ficava imaginando coisas, esperando na janela algo acontecer, como se apenas o desejo fizesse das coisas reais.
Fugiu à realidade: estava decidido a conversar com ela, não importando o quanto lhe digam para se afastar.Não conseguia esconder de si mesmo toda sua agonia, ou desejo de saber a verdade, ou de saber logo toda a verdade para poder seguir.Descobriu.Ela já não o queria mais.Pode parecer cruel, mas ela havia descoberto que não precisava mais dele.E agora?Sentia fome de romance...Seu maior medo talvez fosse algo de que não pudesse escapar.Ficar sozinho na vida.Preparava as pessoas à sua volta de tal maneira, que elas cresciam independentes e logo o deixavam.Seria como um pai, ou mãe, que faz com que seus filhos cresçam, fiquem fortes, e os deixe, e os esmague com toda sua força vital.Foi assim...Não seria o que é se não fosse por ele.Não, não tinha raiva, nem sentia-se usado.Estava feliz por ter feito mais uma vez seu trabalho.Havia melhorado alguém, mudado tão profundamente uma pessoa que esta havia tornado-se mais forte que ele.Destemida, doce, e alegre.Foi assim que sempre a desejou e agora tinha conseguido.
Sua vida seguiria...Ele já conseguia rir de tudo que havia passado.Ria como quem chora, ria como quem sabe de alguma coisa que os outros não sabem,ainda estava para descobrir.
Agora só a carne lhe impedia...Sua alma estava livre.Era o que ele achava.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Acordou com a cabeça rápida.Rolava na cama havia horas, não sabia porque não levantava.Talvez os olhos pregados ajudassem, ou o desejo do tempo passar logo.Muitos sonhos aquela noite, nenhum pressentimento lhe passou, como aconteciam algumas vezes.Porém de uns 5 sonhos, ela estava em 4,o outro eram apenas suas amigas e lugares que a lembravam...Havia alguma parte sua que ainda insistia.Isso causava-lhe algum medo,pois raramente implicava com coisas que não davam futuro.Ele podia sentir um Destino para os dois,confiava muito mais no Destino.
Já sentia-se confiante o bastante para abrir suas asas e chegar ao céu.Andava fascinado pelas estrelas.Algo o chamava,elas o chamavam.Tramava uma maneira de subir alto o suficiente para descobrir o que elas queriam.Olhariam as estrelas ao mesmo tempo?Havia lido um conto sobre o primeiro homem a ir ao espaço,chamava-se: Um grande dia.

"O mundo todo se voltava em atenção para nós.Trabalhávamos 24 horas por dia para finalizar o projeto que tinha tudo para dar certo.E não era só por nós,era um grande passo para toda a humanidade.Íamos romper mais um limite,que por milênios foi intransponível.
Gagarin estava mais que preparado havia meses.O primeiro homem a ir ao espaço contava-me que seu filho tinha pedido uma estrela de lembrança da viagem.E riamos com a inocência, já sentindo o gosto de sucesso total da missão.
O tempo parecia passar diferente naqueles minutos finais.Todos tensos e aliviados, 'daria certo?' e 'está acabando'.Últimos testes depois dos últimos testes,revisão da revisão,da revisão...
Uma espécie exótica de saudade atingiu o país.Como seria viajar para fora do planeta?Voltaria ele mudado?Ainda sentiria as mesmas coisas?Sentiria o mesmo indo para o espaço, e aquela experiência lhe tornaria alguém melhor.
Estava na hora.Todos em seus lugares, como nas mil vezes ensaiado.Privilegiado pelo universo seria aquele homem, contemplaria o caos organizado gerado no Big Bang;a calma e o tédio,e a saudade, e a vontade, que sentiria poderiam matá-lo?
10,9,8,7,6,5,4,3,2,1...E voou como o primeiro vôo dos pássaros.Medrosa coragem que joga longe a vida.Pioneiros do futuro.Seria o começo de uma nova era?"

Aqueles fluxos de consciência estavam o deixando meio maluco.Não parava mais de pensar,e registrava tudo que pensava, lembrava, queria.Pensava, lembrava, queria muito sentir aquilo de novo.Como pode-se deixar escapar o melhor já sentido?Todo tempo nunca havia sentido algo parecido...Sentiria agora?Pensava muito, lembrava de uma índia de chocolate, de um amor intenso, olhares que trocavam mais fluidos que o sexo, mãos que desejavam apenas uma coisa, dedos deslizando por bocas, e tremia.Acho que o que sentia era mais coisa de sua cabeça...Não tinha conseguido sentir tudo isso,talvez pela frieza, talvez nunca saiba o porquê...Esperaria.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Tempo

Queria saber ser mais engraçado.Não que fosse um cara super sério, e sem graça.Longe disso, eu acho.Era dum humor medido, movido a reação alheia.Se estivesse entre velhos amigos, ou pessoas animadas suas piadas faziam sucesso até.Só gostava de rir, sentir-se mais leve, jogar um charme com o sorriso cativante.Por que não funcionou dessa vez?
Talvez não surtisse mais o mesmo efeito sobre ela.Talvez ela ao olhar para ele não visse toda profundidade desejada, ou nem visse o mesmo sorriso, e doces olhos, e a tal forma carinhosa de se aproximar que havia lhe conquistado.
Sentia-se meio perdido.Como as estrelas cadentes chegavam até nós?Seriam realmente estrelas?Será que elas caiam aqui dentro ou só passavam lá fora?E queimavam por conta do atrito, ou seria aquele o brilho das estrelas?
Sua sorte parecia comprometida...O que faria?Estava com ela, e agora que pareciam não estar mais tão juntos (mas de alguma forma sabia que ainda estavam ligados,sentiu que ela o queria e não queria,e ele a queria e não queria também,mas só depois dela não querer e querer) São Longuinho parecia ter esquecido de seu companheiro, as coisas morriam aos poucos.
A cura para a loucura já havia sido liberada no Brasil?Nunca conheci tantos futuros psicólogos,psiquiatras,psicoterapeutas...Por que o Destino pregava-lhe tal peça?O mundo ainda conspirava com eles;o mundo estava meio que sozinho,embora fosse muito mais sábio e já soubesse de tudo que ia acontecer,provavelmente.
Só conseguia pensar numa coisa...Histórias para contar.Isso era como um objetivo de vida, uma meta, uma razão para seguir.Queria espalhar sua essência pelo mundo, contagiá-lo de si mesmo, conhecer e reconhecer a vida.Era só uma questão de tempo...O tempo,sempre ele,lhe ensinaria mais e mais.

domingo, 19 de julho de 2009

Esquecer

Toda vez antes de se perder procurava por ela.Antes de sair para qualquer tipo de programa,achava que ela poderia estar por lá.Perder é jeito de falar,porque talvez nunca antes estivesse tão consciente.E como é bom.Ser mais sincero consigo mesmo,pensar só em si e em mais ninguém.Nunca tinha provado tal sabor da vida.Aprendeu tanto em tão pouco tempo,incrível.
Foi doce!Como se tivesse sido aberta a porta para um outro mundo.Antes havia disso também,mas não sei porquê agora é diferente.As amizades eram fortes, e divertidas.Nada mudou.O que tem mudado era ele.Acho que se dedicava muito aos outros...E jamais tinha percebido que sendo apenas legal consigo seria bom do mesmo jeito.Sempre soube que a felicidade atraía felicidade.Se fosse animado e alegre, atrairia essas coisas.E funciona.Mas havia uma certa preocupação com isso...Não há mais.Apenas vai, carregado pelo vento ou alguma força da física inexplicável.
É chegada a hora em que se perde toda a crença em tudo aquilo que se acreditava.Não chega a ser desistência,não chega a ser derrota.Está mais para aprimoramento,talvez até uma defesa.Mas não quer se defender do mundo.
É intuitivo,não pensa.Sentia grandeza em seus atos,grandeza para consigo mesmo.Quebrando seus próprios limites,indo além de seu reles corpo humano.Sendo talvez o que sempre desejara,mas sozinho.
Aquela doença havia o infectado, inalou e sugou no beijo a tosse do entorpecer.Fora entorpecido, na dose certa para, se quiser, poder se curar.Como podia tanta beleza e poder ser tão dócil e gentil?Talvez a sorte estivesse lhe mostrando uma chance, algo para não desistir de ser ele mesmo.Não desistiria...Nunca havia se traído.Quando todos foram para faculdade, ou mudaram de escola, pareciam ficar com medo de continuar com a velha companhia(refiro-me a parceiro amoroso).Vai que tem algo melhor lá...Que ridículo!E se não houvesse...Não passava de uma desculpa para não se sentirem presos.Ou livres.Livres da procura do que talvez seja a razão da vida.Livres por poderem sentir a maior alegria que alguém pode, por estarem mais completos que todos, e não saber explicar nem o porquê.O mistério dos sentimentos é o segredo para a felicidade.Se souberem o porque talvez nem haja graça.Às vezes,queria escrever, pensar sobre ela.Mas não sabia se devia, ou se eram apenas pensamentos ruins que devia afastar.Afastou.Ela quis assim,fazer o quê?

sábado, 18 de julho de 2009

Epifania

Tive epifanias.Parece que finalmente comecei a viver.Após um tempo como zumbi,retomei as rédeas de tudo.Não o tempo todo estava morto, apenas as últimas semanas.É como se tudo que eu tivesse buscado houvesse desaparecido.A vida é uma eterna busca.Quando se acha parece que tudo perde o sentido,e aí se busca de novo.
Agora achei o que buscar.Nunca fui muito de ficar mudando esse buscar,pois todos mudavam sempre.Meu buscar era insistir na mesma busca,sugar o máximo do suco da vida do que me cercava.Para falar a verdade,acho que é a primeira vez que busco outra coisa.
Quero achar-me completo.Sentir por cada vez mais tempo o que chamo de grandeza,que é quando se sente a graça, sente-se a capacidade, o poder, sente-se parte do mundo, da vida, das pedras, da terra, das plantas, das pessoas.Já não sei se quero uma compania,a que eu mais desejei já se foi, e de uma forma estranha que ainda tento entender.Um abraço sincero de uma desconhecida conhecida numa fila do teatro, pareceu-me mais real que muita coisa nessas semanas.A vida é um sonho.Minha vida é um sonho.O real nunca é tão real quanto aqui dentro da minha cabeça.Um sonho sonhado sozinho, é apenas um sonho;um sonho sonhado junto, é realidade.
Nunca senti tanta fome por escrever,parece que realmente acordei agora,depois de muito tempo em transe.Escrever me traz a sensação de grandeza,ou do que chamo de grandeza.Descobri porque escrevo.No começo usava palavras de outros,repitidas,para tentar concretizara vontade de sentir alguma coisa.Cartas para algumas garotas,declarações.Coisas que não sei se eram a pura verdade.(Eu tinha pouca idade,uns 13,14 anos,achava-me vazio naquela época.Não gostava daquilo de todos os garotos gostarem da mesma menina,o que seria das outras?Por isso devo ter me rebelado primeiro.Nem por meus pais,não tinha isso que hoje sei que são sentimentos.Era oco.Talvez houvesse amor e eu não sabia reconhecer...Mas sentia-me forçado a demonstrar, tentar sentir algo.E agora eu sinto!)Escrevo, hoje, porque preciso.Sinto-me vazio quando não escrevo, não boto para fora a loucura diária que me impreguina.Um fantasma que nada faz.
Escrever é minha forma de existir, e só agora percebo.Escrevo para mim, para melhor entender o mundo, e me comunicar com ele.Acho que escrevendo posso ajudar alguém a se entender, e aconselho e já aconselhei a escreverem.Escrevo para você que me lê, para qualquer um que queira ler.Escrevo como quem quer mudar o mundo, como quem ainda tem esperança.Confesso ter pretensões como escritor, quero ser lido.Se for por alguém já está bom.Alguém que converse e comunique, que me acrescente o que me falta: Sal,açúcar,azeite?Quero ser grande.
Achei que pelo amor conseguiria ser grande.O amor já não me basta.Quero amar-me de uma vez.Engolir-me e saciar o outro ser que vive em mim.Minha cabeça vai mais rápida que a velocidade do som.Por isso me atrapalho.Minha cabeça é devagar como uma lesma,por isso me atrapalho.Sou tudo ou nada.O meio não me basta por muito tempo.Ardente, constante, presente.Sou pai, irmão, marido, quero ser tudo ao mesmo tempo.Por isso me atrapalho.Já cansei de trapalhadas.
Tenho sede de amar.Depois que descobri como é bom não ser vazio,tornei o amor uma meta.E não tenho medo de dizer.Descubro muitos tipos de amor.Disseram-me "eu te amo" para mim algumas vezes.Sem ter porquê,sem esperarem nada,do nada,do tudo,com medo,confessando,em segredo,do ventre,do filho,escutei o mundo dizer-me uma vez.Mas não amo a tudo e a todos.Eu odeio.Odiei-me, enraiveci-me, quis parar pelo meio.Já fiquei com raiva de mim mesmo por ter raiva,ou por amar demais,ou por não amar demais.
Vi uma estrela cadente ontem,pela segunda ou terceira vez na vida.Caiu praticamente em meu jardim,acho que a derrubei com o olhar perdido,de quem procura algo no céu.Um fogo muito intenso que se apagou rapidamente,só restando as poucas centelhas que também apagaram-se,um pouca mais devagar.Nem sabia o que pedir.Pedi o que tinha costume de pedir,e pensar que queria.Mas nem sei se quero mais.No fundo quero, mas quero esquecer que quero.Fazer o quê?Sou apenas humano,tirando meus momentos de grandeza.Busco no céu,às vezes,enxergar-me.Queria ser como elas.Queria poder estar acima do céu, solitário e radiante.
O vazio de antigamente me parece bom.Sou sozinho e sei que vou ser.Pelo menos não tenho mais medo.O futuro é um passado da frente.O agora que me prende.Busco a vida e na vida busco um motivo para ser, um sentimento, um sorriso.Adoro quando falam de meu sorriso, e de meus olhos.Parecem falar de minha alma.Sou o que me tenho, tenho o que sou.O que mais me impressiona é que nada é para sempre.O futuro está cheio de passado,mas o passado parece insistir em mudar.A vida é tão curta...Posso morrer amanhã.Onde estarei?Acho que longe, pelo menos o bastante para não lembrar daqui.A vida é bruta.Estou feliz e triste ao mesmo tempo.E lá vem o Destino mostrar-me mais uma vez,aqui em casa mesmo, que é tudo muito complicado.Achei que eu estava livre de tudo, que a grandeza me dominaria e levaria-me embora.Mas bem aqui, cai de novo.
Cansei...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Quando se tem a certeza do mundo.Quando tudo que se aprendeu durante meses e foi compartilhado com uma mesma pessoa.Quando tanto esclarecimento e algo que chamo de grandeza(momentos que te fazem sentir que está no caminho certo,que a vida é bela).Quando tudo isso mais parece uma ciência exata do que apenas sentimentos.Não deu?
Não entendo...Nem tive a chance de um último suspiro...Quando se acha que a verdade é o caminho,e que toda distância tornaria as coisas mais saudáveis,como tinha sido até então.Quando a vida se mostra mais interessante...É claro,é importante estar aberto às oportunidades,nunca privei nenhuma
.Conhecer alguém de verdade vale mais ou menos do que conhecer mil pessoas?Qualidade ou quantidade?
O que era,ainda é de certa forma...Vive dentro de mim.Ainda não voltaste.Coisas foram ganhas e perdidas,as lembranças já não abrem feridas.Haverá algo ainda melhor à minha espera?Foi-se o tempo da lamúria,foi-se o tempo da paixão...Parece que dorme em meu coração um gigante.Não sei se quero que acorde,estremecerá por dentro minha estrutura e se cruel for,facilmente a dor vem.
Estou cansado...não tenho medo,nem segredos...Aguardo um vento que me leve prum lugar seguro.