domingo, 4 de abril de 2010

Tudo demais é veneno.Já dizia minha mãe, que dizia que dizia minha vó, que lhe disse a bisa e por aí vai.Descobri que tenho tendências a vícios.Não por experiência própria, ainda bem.Mas por fatos que se entrecruzam e você acaba se vendo naquelas situações.

Era uma semana de espetáculos, e alguma entidade com poderes sobre coisas que nunca teremos poder não desejava aquela semana.Chovia sem parar.Durante o dia, quando os mortais só queríamos poder sair para comprar nosso pão de cada dia, e durante a noite, quando os teimosos e incansáveis desejávamos ter uma chance de diversão, liberdade e perdição.Porque só quando nos perdemos é que nos achamos, é quando sabemos onde devíamos ter ido e ter parado.Mas o espetáculo tinha de continuar, com arrumadinhos e improvisos para que todos pudessem rir um pouco.E eis que surge uma menina por volta de seus 20 anos, discreta o bastante para ser notada apenas pelos mais atentos, bela o bastante para que despertasse nos rapazes um interesse inicial, inocente na medida e descrente na juventude mais nova que ela mesma.
A fila já alcançava uns 50 metros, não haviam mais ingressos.Ela, mais por alguma esperança do que por alguma malandragem, vai até a cabeça daquela maldita linha tentar falar com alguém para saber o que acontecia.Nada.Silêncio das pessoas que todos odiavam e odiavam a todos.Um quase motim se inicia, a sede das pessoas por arte e entretenimento crescera durante a paciente espera e os transformara em animais.A garota acha um conhecido em meio àquela transformação.Não tinha nada a perder, afinal estava sem ingresso e sua sede crescia.Ele possuia apenas o próprio.Mas havia preguiça e cuidado em uma das mães com seus filhos na linha, que doou 4 ingressos para a mulher à frente que só precisava de um.Conseguiram entrar.
Foi o que de melhor podiam ter feito.Aprensentação marcante na vida de todos que presenciaram.O que os deixaria com fome e empolgados para não voltar para casa imediatamente.
Ele conheceu uma outra pessoa que jamais pensou existir ali, naquele mesmo corpo.Tinham muito que compartilhar e experiências comuns.Conversaram eternamente, como tem de ser na cabeça das pessoas que têm boas conversas.E ela lhe mostrou que eram pessoas meio compulsivas em ter vícios.Não qualquer e comum vício, como drogas.Mas vícios que lhes tornavam, de alguma maneira, semelhantes.Pessoas, chocolate, café, amores, obsessões.Novidades, palavras, arte, reclamações.Mas claro, naquela idade sabiam se controlar e não deixar que se tornassem excessos os vícios que os limitavam.
E prestariam mais atenção em filas e coisas ordinárias da vida, vai que se acha alguém com quem se estreitar laços e carregar um pouco de si, e roubar um pouco dessa pessoa.

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