sábado, 1 de maio de 2010

Bateu a cabeça.Aquela dor aliviava todo o resto.Bateu mais uma vez.Não pensava em mais nada além da agudez daquela dor profunda e efêmera.Dessa vez mais forte.Todas suas mentiras tornavam-se passado, tornavam-se menos importantes, sentia-se alguém mais real.Em sequência foram umas três vezes, sentiu algo escorrer.Era quente e queimava.A melhor assepsia que podia realizar naquele momento, manter sua cabeça longe de toda aquela imundice que o matava aos poucos.Não tinha mais força.Tudo que há pouco pareceu uma grande solução voltou-se contra ele.Estava enojado por si mesmo.Como podia ser tão babaca, ao ponto de achar que as coisas se resolveriam assim.
Não havia nada para resolver.Não sabia se era aquele tédio que o matava e o fazia pensar asneiras, ou seu não contentamento consigo mesmo.Como estava difícil se manter constante naqueles dias.Não saberia mais se definir, dizer quem era.Talvez nunca o tenha ficado sabendo, e fosse daquele jeito mesmo.Complicado e inconstante.
Via as coisas diferentemente.Uns meses atrás era alguém que falaria de coisas que não se deve, e estragaria tudo, deixando escapar seus reais sentimentos, ou quem sabe apenas era um costume que tinha : sentir-se daquele modo.Agora queria se divertir, ter conversas interessantes, e ser incrível.Não se deixaria abalar por nada e ninguém.Achara o equilíbrio que todos deveriam achar.
O sangue parava de escorrer quente como o inferno, e congelava anestesiando todo o cérebro.Queria apenas dormir.Sabia que assim, no dia seguinte, tudo teria passado e seria renovado.Suas complicações o cansavam ao extremo.Cansado de sua própria pessoa, estava na hora de ir embora.Entrou em seu bolso e lá descansaria.Jogaria o resto no travesseiro e quando acordasse arrumaria a bagunça.Tudo estava em paz.A paz talvez lhe cansasse...Ah, boa noite!

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